"AS VERDADES IMUTÁVEIS"

A seguir, um texto escrito pelo Ney Pacheco no seu blog sobre "AS VERDADES IMUTÁVEIS" no Figueirense. Falando sobre o complexo de inferioridade que teima em reinar nos bastidores Alvinegro.

Coloco este texto por que ele diz exatamente tudo aquilo que eu sinto e percebo jogo pós jogo do Figueira.

Jorginho e sua mania que não se cuidem, a "tranquilidade" na tabela está bem perto do fim, qualquer bobeada daqui pra frente poderá ser fatal.

"Costumam dizer no futebol que cada jogo é um jogo, uma história. Para o Figueirense de hoje isso não se aplica. Na mentalidade do técnico Jorginho – que deve ser a mesma da diretoria que o mantém no cargo – certas verdades são eternas.
Assim, o Figueirense, que em sete anos de série A na sua passagem anterior ajudou a derrubar o mito que camisa, por si só, ganha jogo, agora se rende sempre à grandeza alheia, na maioria dos casos pálido reflexo de um tempo passado.

À esq.: o Figueira. À dir.: qualquer adversário

Uma verdade imutável para Jorginho é que o empate fora de casa é sempre bom resultado. Não importam as circunstâncias do jogo, o comportamento das equipes, a qualidade dos jogadores, a aplicação tática, a preparação física.       Como o Figueirense é o menor time de todos que disputam a série A, o empate é sempre bom.
Não lembro de alguém ter saído reclamando do empate com o Flamengo em 2 a 2 no Scarpelli. O Figueira foi melhor praticamente o tempo todo e conseguiu reagir depois de estar perdendo por 2 a 0 de um time que, àquela altura, estava entre os melhores do campeonato. É o exemplo de um empate que foi bom resultado.
Ontem e contra o Atlético-PR não dá para dizer que os empates foram bons. Mesmo desfalcado, o Figueirense pegou adversários piores que ele e poderia ter chegado à vitória se não se agarrasse à verdade imutável de que o empate fora de casa é sempre um grande feito e se conformasse cedo demais em ganhar somente um ponto.
 Um lance no final do jogo na Baixada retrata fielmente essa falta de apetite pela vitória. Aos 47 minutos e 30 segundos do 2º tempo, faltando 30 segundos para terminar o jogo, o Figueirense foi ao ataque e pouco depois da linha de meio-campo o jogador alvinegro sofreu uma falta pelo lado direito. Era o tempo do time ir para a área adversária, bater a falta e acabar o jogo, fazendo ou não o gol. O time preferiu, no entanto, bater a falta curtinho e esperar pelo apito final.
A mesma coisa já havia acontecido em jogos anteriores. Qualquer risco, por mínimo que seja, que se corra para ganhar três pontos é descartado porque um pontinho está bom demais da conta. Com esse tipo de raciocínio, sofreremos até o final. A permanência na série A, que poderia ser garantida rapidamente, vai se arrastar até as rodadas finais. Isso se tudo der certo, claro.
O futebol brasileiro dos últimos anos está muito equilibrado. Este campeonato pode ser um dos últimos a ver essa verdade prevalecer. Com a nova distribuição das cotas de TV, as diferenças econômicas entre os clubes vão aumentar e aí só a atávica incompetência administrativa da cartolagem nacional para botar os clubes com maior grana no buraco de novo e reequilibrar as coisas. E sabe-se lá quanto tempo isso vai demorar.
Quando o Figueirense voltou à primeira divisão, em 2002, depois de 23 anos de ausência, toda essa humildade se justificava. Éramos néofitos, inexperientes, tudo era novidade e desafio. Agora isso mudou. O hiato de dois anos na série B não foram suficientes para apagar os sete anos anteriores da memória. E o futebol brasileiro não mudou nesse período.
Apesar de maior poder de investimento, com mais grana rolando, a coisa continua muito equilibrada. O comportamento do Figueirense, com seu treinador à frente, consegue, porém, irritar e desanimar boa parte da torcida. Esta verdade, pelo visto, é imutável: as direções do Figueirense estão pouco se importando com o torcedor do clube, que só interessa para deixar sua grana nos cofres do clube e para servir de claque."

Texto original:  http://ney.meufigueira.com.br/figueirense/as-verdades-imutaveis/